Que mulher era a Frida Kahlo! Desde que a sua obra cheia de personalidade, como os quadros Frida y la cesárea (1931), Retrato de mi padre Wilhem Kahlo (1952) e Viva la Vida (1954), foi descoberta tardiamente e, mais ainda, o mundo conheceu a sua vida repleta de episódios de superação, virou mito.
Há tempos símbolo de empoderamento feminino, uma vez que mandava na própria vida, a mexicana de Oaxaca atuou como militante comunista, praticou esportes “masculinos” como boxe e futebol, criou um estilo próprio extravagante, absolutamente transgressor para a sua época. Igual a Frida Kahlo não há.
Por isso, cada vez mais aumenta a legião de fãs que fazem fila para ver exposições com as suas obras e visitar Casa Azul, onde ela morava com o marido e artista Diego Rivera, na Cidade do México.
Quando Frida morreu, em 1954, ele ordenou que tudo o que pertencia a esposa fosse guardado. Apenas em 2004 o material veio à tona e passou a fazer parte do acervo do Museu Frida Kahlo que hoje ocupa o que era a residência do casal. Apenas um item desapareceu: o Livro da Erva Santa.
Com capa negra e dezenas de páginas, ele reunia as receitas de uma pouco conhecida Frida Kahlo que buscava alívio para as suas dores da alma e do corpo na cozinha. Quando criança, ela foi diagnosticada com poliomielite e pouco depois teve o ventre atravessado por uma barra de metal, num acidente de ônibus.
O exercício diante das panelas a tornaram uma cozinheira de mão cheia. Seus pratos encantaram nomes como León Trotski, Pablo Picasso, Salvador Dali, Henry Miller, Anaïs Nin e Ernest Hemingway. Todos participaram de verdadeiros banquetes feitos por ela com moles, enchiladas, quesadillas e tamales e também as receitas que sempre fazia para celebrar o famoso Dia de los Muertos, uma das datas mais festivas no México.
A comida de Frida, assim como a sua personalidade, tinha sabores marcantes, cores fortes, como as das suas pinturas. Ela se orgulhava dos preparos: “Uma comida bem servida pode ser o mais fascinantes dos encantos”.
Diego Rivera que o diga. O marido fanfarrão e mulherengo era tão insaciável e glutão na cama, como na mesa. Ela era apaixonada por ele e suportava a infidelidade e falta de respeito de Diego. “Um jantar bem preparado é melhor que sexo. Você põe a coleira no seu homem pela cama ou pelos cozidos”, dizia.
No fim das contas, como se vê, esteve sempre no comando. Viva la Frida!